Aquecimento Acelerado da Europa: Desafios e Oportunidades para a Transição Energética
Redigido por Daniel Romero Goulart
O relatório conjunto da Organização Meteorológica Mundial e do Copernicus revela um cenário preocupante: a Europa está aquecendo quase duas vezes mais rápido que a média global. Esse fenômeno tem consequências significativas para a saúde humana, o derretimento de geleiras e a atividade econômica, com um impacto estimado de R$75 (13,5 milhões de euros) bilhões devido às mudanças climáticas em 2023. Segundo Elisabeth Hamdouch, subdiretora de unidade para o Copernicus na comissão executiva da UE, “A Europa registrou mais um ano de aumento nas temperaturas e de intensificação de eventos climáticos extremos, incluindo estresse térmico com temperaturas recordes, incêndios florestais, ondas de calor, perda de gelo nas geleiras e falta de neve” (ESTADÃO. 2024). A rápida elevação das temperaturas no continente oferece uma oportunidade única para a Europa desenvolver estratégias específicas visando a transição para recursos renováveis, como energia eólica, solar e hidroelétrica.
No último ano, 43% da eletricidade na Europa foi gerada a partir de fontes renováveis, superando os combustíveis fósseis pelo segundo ano consecutivo. Essa mudança é vital para enfrentar os efeitos do aquecimento global, como o aumento das ondas de calor, incêndios florestais e a perda de gelo nas geleiras. Os dados apresentados mostram que, nos últimos cinco anos, as temperaturas na Europa estão 2,3ºC acima dos níveis pré-industriais, comparado com o aumento global de 1,3ºC. Isso destaca a necessidade urgente de ações coordenadas e investimentos significativos em infraestrutura de energia renovável, interconexões e redes capazes de suportar a transição energética.
As dificuldades enfrentadas pela Europa não são isoladas. O continente pode servir de exemplo para outras regiões do mundo, mostrando a importância de políticas robustas e investimentos em tecnologias sustentáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas. No contexto dos eixos temáticos da Cátedra Jean Monnet, essa situação reflete a necessidade de estudos aprofundados sobre políticas climáticas, transição energética, e o papel das instituições na promoção da sustentabilidade. Além disso, a comparação entre as diferentes regiões do continente, como as temperaturas abaixo da média na Escandinávia e Islândia (ESTADÃO 2024), enfatiza a complexidade do desafio climático. Cada região enfrenta suas próprias dificuldades e oportunidades, exigindo abordagens customizadas para a mitigação e adaptação.
Carlo Buontempo, diretor do Copernicus (a agência climática da União Europeia) relatou: “Centenas de milhares de pessoas foram afetadas por eventos climáticos extremos em 2023, que foram responsáveis por grandes perdas em nível continental, estimadas em pelo menos dezenas de bilhões de euros. Infelizmente, é improvável que esses números diminuam, pelo menos no futuro próximo” (ESTADÃO. 2024). O comentário de Carlo Buontempo destaca como as ondas de calor, incêndios florestais, secas e inundações são consequências diretas das altas temperaturas, que também contribuíram significativamente para a perda de gelo nas geleiras dos Alpes, com uma redução de cerca de 10% nos últimos dois anos. Por fim, este cenário de crescente intensidade de eventos climáticos extremos ressalta a urgência de ações coordenadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas. A resposta a esses desafios deve envolver uma aceleração na transição para fontes de energia renovável e o fortalecimento das infraestruturas, visando minimizar as perdas humanas e econômicas no futuro.
Referência
ESTADÃO. A Europa esquenta mais rápido do que o resto do mundo? Publicado no Estadão no dia 22 de abril de 2024. Acesso em 21 de maio de 2024. Link:
https://www.estadao.com.br/sustentabilidade/a-europa-esquenta-mais-rapido-do-que-o-resto-do-mundo/