Green Deal e seus desafios

Redigido por Daniel Romero Goulart

O eixo temático de Clima e Energia busca estudar a atuação da União Europeia e do Brasil na governança climática e política energética.  Compreender o impacto das medidas adotadas, bem como o acompanhamento da discussão sobre os temas correlatos, é de suma importância na pauta já compreendida como emergencial pelos atores globais. 

Uma primeira avaliação dos impactos  do Green Deal conduzida por especialistas climáticos da União Europeia em janeiro de 2024 apontou para resultados não satisfatórios. Uma das principais preocupações é a “fatiga” do projeto, já que a dita neutralidade climática está cada vez mais difícil de ser alcançada. A explicação para esse cenário pessimista encontra-se  na observação de uma redução nos projetos de  leis que impulsionariam o desenvolvimento sustentável.  Além disso, os partidos de direita do Parlamento Europeu continuam advogando pela manutenção do uso de combustíveis fósseis. Dentro dessa conjuntura, há uma preocupação quanto ao retrocesso  dos objetivos de sustentabilidade e energia renovável estabelecidos nos últimos anos, marcando, assim, uma ruptura com a lógica “verde” que tem se veiculado pela Europa.  Os cientistas indicam que para atingir as metas necessárias  será preciso dobrar as regulamentações e não reduzi-las (Andres Et. al. 2024).

Quando se trata da redução de CO2, a opinião dos pesquisadores  é que deve se efetuar uma exclusão imediata do consumo de combustíveis fósseis. A única forma de atingir a meta de redução de 90% dos gases até 2040 será com uma reestruturação completa da matriz energética na Europa. (HODGSON. EuroNews. 2024).

A mudança mais impactante, talvez, esteja por vir: pesquisas apontam que as emissões ligadas  às produções agrícolas não sofreram mudanças, tampouco as regulamentações ligadas ao setor foram alteradas nos últimos 20 anos. Isso revela uma inclinação na manutenção  do status quo de elites agrícolas, afetando, dessa maneira, os objetivos do Green Deal. Outro fator que não teve grandes mudanças nos últimos anos e, que está afetando negativamente as agendas sustentáveis, é o modelo de consumo da população europeia. Os especialistas da UE indicam que é necessário mudar não apenas a quantidade de produção, mas também de consumo. Segundo o economista alemão Ottmar Edenhofer, as mudanças climáticas advindas do setor agrícola só serão possíveis se mudarem a dieta dos europeus para alimentos com base vegetal, assim combate-se a dependência de grandes fazendas de gado. (ANDRÉS, MATHIESEN, WEISE. Político. 2024).

Os artigos mencionados relatam a preocupação de atingir metas e moldar um futuro mais sustentável, no entanto, nada disso será possível enquanto o parlamento europeu continuar dividido em qual caminho quer seguir e, também, dependerá da receptividade das populações em mudar hábitos de consumo. 

 

Referências

 

ANDRÉS, MATHIESEN e WEISE. Paula, Karl e Zia.The EU got its first climate report card. It’s not good. Publicado em 18 de janeiro de 2024. Disponível em Politico. 

Link: https://www.politico.eu/article/eu-climate-report-card-agriculture-energy-nuclear-green-deal/ 

 

HODGSON, Robert. Climate ambition slipping beyond reach without urgent action, scientists warn. Publicado em 18 de janeiro de 2024. Disponível em EuroNews. Link: 

https://www.euronews.com/green/2024/01/18/climate-ambition-slipping-beyond-reach-without-urgent-action-scientists-warn

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