Brasil: Um Potencial Crucial na Produção de Minerais para a Transição Energética Global
Redigido por Daniel Romero Goulart
A existência de minérios em Carajás não é novidade. Na última década, a região deu um salto em torno de uma nova riqueza: o cobre, considerado um dos minerais do futuro. Nas profundezas da floresta amazônica está a mina do Salobo, da Vale, uma das apostas do Brasil para se colocar entre os principais fornecedores de minério para energias limpas e se posicionar como um protagonista global na agenda de economia verde. A exploração de minerais “do futuro”, como o cobre e o lítio, emerge como uma oportunidade estratégica para o Brasil em um cenário global de busca por redução de emissões de carbono. Com a demanda por minerais essenciais para tecnologias de energia limpa em ascensão, o país se destaca pela sua diversidade geológica e pela qualidade das substâncias minerais que possui.
O secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Vitor Saback, afirma “O Brasil é muito favorecido sob esse olhar, porque temos uma diversidade geológica muito grande, somos beneficiados tanto em termos de quantidade como de qualidade de substâncias” (ESTADÃO, 2024). O posicionamento de Vitor Saback destaca a oportunidade que reside dentro do Brasil que pode ser explorada. Dentro das pesquisas da Cátedra Jean Monnet estudamos os desafios de implementar mudanças num sistema que está constantemente canibalizando o meio ambiente sem trazer soluções, mas esta oportunidade pode ser um passo para uma mudança impactante que advém da riqueza brasileira.
A região de Carajás, no Pará, desponta como um importante polo da mineração brasileira na era da transição energética. A mina do Salobo, da Vale, representa uma das apostas do país para se estabelecer como fornecedor chave de minérios para energias limpas. A expansão da produção de minerais como o cobre e o lítio é crucial, uma vez que as tecnologias de energia limpa demandam mais minerais do que as baseadas em combustíveis fósseis. Plantas de energia eólica e solar, assim como baterias e infraestruturas de transmissão, necessitarão de uma quantidade significativa desses minerais.
Numa primeira análise parece um grande contrassenso explorar minas em busca de uma “solução verde”, mas o professor da Universidade de São Paulo (USP) Luis Enrique Sánchez, relata que é um mal necessário: ““A comparação é difícil, porque os componentes do ambiente afetados são diferentes, mas diminuir o uso de combustíveis fósseis é urgente porque o impacto dele no clima é irreversível.” (ESTADÃO, 2024). Pesquisas e ações para reduzir o impacto da mineração, no entanto, terão de ser reforçadas, além da reciclagem de metais como o cobre. (ESTADÃO, 2024).
Olhando através da necessidade de combater o aquecimento global, as tecnologias de energia deverão usar anualmente, em 2050, 488% do que o mundo todo produzia de lítio em 2018. Isso se quisermos ter uma chance de 50% de limitar o aumento global da temperatura do planeta em 2°C até 2100. No mesmo cenário, a demanda anual média de minerais passará das atuais 40 milhões de toneladas para 160 milhões em 2050 (ESTADÃO, 2024).
Essa realidade reforça a importância do estudo e debate sobre os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. A necessidade de aumentar a produção de minerais para atender à crescente demanda ressalta a urgência de adotar práticas que minimizem o impacto ambiental da mineração, bem como de promover a reciclagem de metais. Nesse sentido, o Brasil, ao explorar seus recursos minerais de forma responsável e sustentável, não apenas contribui para a transição energética global, mas também se coloca como um agente chave na busca por soluções que conciliam desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
Referência
BULLA, Beatriz. DYNIEWICZ, Luciana. Brasil explora na floresta minerais “do futuro” que ajudarão a reduzir emissões. Disponível no Estadão. Publicado 28 de abril de 2024. Link: